Odeio intelectualóides. Por outro lado, gosto de pessoas despretensiosas, tranquilas consigo mesmas, com o que são. Deve ser por isso que sempre gostei mais do
Amarante do que do
Camelo. Vou além: é por isso que, preconceituosamente, na primeira ouvida do disco "Sou", o espinafrei. Felizmente, com mais razão e menos emoção, mudei minha opinião.
Eu tinha motivos, vai: os infames nome/capa do álbum já denunciam o "atormentado" Camelo na tentativa de criar uma sacada genial. Até acho válida a investida, mas ele se superou em termos de mau gosto. Certamente, os fãs do cultuado Camelo amaram a "brincadeira" do Sou/Nós; os fãs que admirarm apenas o artista, como eu, torceram o nariz.
Na primeira audição, aquela melancolia adquira no 4, mas muito mais profunda... mais melancólica. Meu, de onde esse cara tira tanta tristeza? Por que tanta música triste, questionadora? Não dá para simplesmente curtir a vida?
Não. Finalmente me toquei que não. Senão, não seria uma obra de Marcelo Camelo.
Aos poucos, você começa a descobrir as pérolas: "Menina Bordada", deliciosa, com sua letra simples e melodia contagiante; Doce Solidão, que leva a amargura de Camelo à últimas consequências (
"Solidão, foge que eu te encontro / Que eu já tenho asa / Isso lá é bom, doce solidão?"), e o ponto máximo do disco: Copacabana. É com canções como essa, assim como Dois Barcos e Conversa de Botas Batidas, por exemplo, que você aprecia e parabeniza a versatilidade de Camelo como compositor: só um cara conhecedor de música, com bom senso, bom gosto,
consegue compor pérolas como essa.
Concluindo: ouça o disco sem compromisso, apenas curtindo a vozinha mansa, as letras gostosas e a levada tranquila. Você vai gostar, não tenho dúvidas.
Acho que um dos meu grandes prazeres em ser um cara taxativo, implicante, 8 ou 80, é que, dessa forma, posso quebrar feio a cara; e, nesse caso do Camelo, quebrei com gosto.
Valeu, Camelo ;-)
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