Cantor é homenageado em show com participação de Wayne Shorter e Ron Carter
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1309200825.htm
"Devo muito de minha carreira lá fora a esse pessoal do jazz", afirma músico, lembrado no encerramento do festival na cidade mineira
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A praça Tiradentes, em Ouro Preto (MG), prepara-se para receber uma multidão neste domingo. O festival Tudo É Jazz encerra a sua 7ª edição com uma homenagem especial a Milton Nascimento: promove o reencontro do cantor com o saxofonista Wayne Shorter e o baixista Ron Carter, parceiros em vários de seus discos.
"Não poderiam ter feito uma homenagem melhor para mim", diz Milton à Folha, lembrando que não se reúne com esses norte-americanos (integrantes do lendário quinteto que o trompetista Miles Davis liderou nos anos 60) desde a gravação de seu álbum "Angelus", em 1993.
"Devo muito de minha carreira lá fora a esse pessoal do jazz", reconhece o brasileiro, que viu o seu nome crescer rapidamente na cena internacional depois de participar do álbum "Native Dancer", que Shorter lançou em 1975. Além de cantar em várias faixas, Milton compôs cinco canções do álbum, incluindo os sucessos "Ponta de Areia" e "Milagre dos Peixes".
Milton conta que precisou insistir com o saxofonista para que sua participação não fosse maior ainda. "O Wayne me lançou no mundo, é um cara maravilhoso. Tive que dizer que o disco não era meu, porque ele queria que a minha voz estivesse em todas as faixas", recorda.
Por essas e outras, Milton prepara uma surpresa para Shorter. No meio de seu show de amanhã, vai chamar o pianista Pedro Bernardo, 16, seu afilhado, para tocar a instrumental "Ana Maria", composição do jazzista que faz parte do álbum "Native Dancer".
Milton lembra que conheceu Shorter no início dos anos 70, quando este e sua banda Weather Report fizeram shows no Rio. O cantor, que também estava em temporada com os parceiros do Clube da Esquina, no Teatro Fonte da Saudade, se assustou ao saber que os norte-americanos estavam na platéia.
"Nas noites seguintes eles encurtaram o show e corriam para pegar o final do nosso. No último dia, Wayne chegou perto de mim e perguntou se eu gostaria de fazer um disco com ele", relembra Milton, que ainda esperou cerca de dois anos até que a gravação estivesse concretizada.
A homenagem de amanhã a Milton Nascimento, que acontece a partir das 17h, inclui também um concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, com direção musical do maestro Túlio Mourão e arranjos a cargo de Wagner Tiso, Nelson Ayres e Gil Jardim.
Nova Orleans
Na programação de hoje, o Tudo é Jazz exibe várias atrações de Nova Orleans. No palco Largo do Rosário, com entrada franca, apresentam-se o saxofonista Donald Harrison, a cantora Charmaine Neville e as bandas Free Agents e Creole Zydeco Farmers.
Já no palco principal (o Salão Diamantina), o programa destaca o trompetista Nicholas Payton (também de Nova Orleans), além da cantora Karrin Allyson, do baixista Christian McBride e do pianista cubano Omar Sosa. Outras informações sobre os shows no site www.tudoejazz.com.br
O público de São Paulo também poderá apreciar duas das atrações do festival, na próxima semana. Karrin Allyson, que acaba de lançar um CD dedicado à música brasileira, se apresenta na terça, dia 16, no Bourbon Street. Omar Sosa e seu grupo Afreecanos Quartet tocam na quarta, dia 17, no Sesc Pompéia.
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Há 3 anos
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