Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon (1973)
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Por
Felipe Cotta"Trinta e cinco anos após ser lançado e ter revolucionado o mundo do rock – e as cabeças de milhões e milhões de pessoas até hoje -, o disco “The Dark Side Of The Moon” continua sendo um ícone, um símbolo máximo da música popular e da discografia do Pink Floyd, um divisor de águas das técnicas de gravação e – principalmente – uma obra de arte que continua instigando, provocando e emocionando as pessoas.
Até hoje, o disco já vendeu aproximadamente 40 milhões de cópias no mundo inteiro e detém o recorde de álbum a permanecer mais tempo na lista dos 100 mais vendidos no ranking da Billboard. Durante exatas 742 semanas – ou CATORZE anos!! – o álbum do Pink Floyd ficou nesta lista. Outro dado curioso: estima-se que 1 em cada 14 pessoas abaixo de 50 anos, nos EUA, tem uma cópia do disco.
O que faz de Dark Side Of The Moon um disco tão simbólico e tão cativante? Por que as pessoas se identificam tanto com suas mensagens?
Por um lado, a própria estética sonora das músicas - com sintetizadores e efeitos sonoros inéditos até então, com intervenções de elementos não-musicais curiosos (máquinas registradoras, turbinas de avião, relógios, diálogos, risadas) e a sensação de estar ouvindo um disco do futuro - já eram fascinantes.
Por outro lado, toda essa parafernalha sonora era ilustrada por uma capa e um encarte cheios de enigmas visuais, numa poesia imagética que não era vista desde Sgt Pepper´s.
A capa – famosíssima e uma das mais aclamadas de todos os tempos – trazia um prisma desmembrando um raio de luz em sete cores, representando os diversos temas abordados no álbum: vida, morte, loucura, desejo, solidão, dinheiro, etc, e como tudo pode tomar um rumo diferente dependendo das escolhas que fazemos (any colour you like??).
O encarte mostrava uma imagem psicodélica das pirâmides do Egito, um monumento à ambição e à mania de grandeza do ser humano, tema que também é questionado em “Money”.
Entretanto, acima disto tudo era também provocativa a própria temática do disco. O álbum é um retrato moderno do homem, da nossa passagem pela a vida, do dia-a-dia de todos nós, de como as pressões e as maneiras com que lidamos com elas podem nos levar à loucura, ou à morte, ao “lado escuro da lua”. Algo que está lá, que existe, mas a gente nunca vê.
O coração que começa a bater é o começo do disco. E o começo da vida. E assim como somos estimulados pelo médico logo que chegamos ao mundo, Roger Waters abre a obra-prima do Pink Floyd com o primeiro comando e ação que aprendemos na vida: “Breathe”.
Ele deflagra, em versos angelicalmente cantados (e palmas para David Gilmour, que aqui também virou um mestre dos backing vocals), como se um anjo da guarda viesse te dar as primeiras instruções da vida, desde a necessidade que temos de trabalhar e construir um futuro – “run, rabbit run, dig that hole and forget the sun, when at last the work is done don´t sit down, it´s time to dig another one” – até os momentos em que temos que esquecer do mundo para enxergar nossa própria felicidade – “don´t be afraid to care”.
E a vida continua, na correria – “On The Run” – que enfrentamos diariamente, simbolizada por passos correndo, por aviões voando, por ruídos ininteligíveis produzidos por um sintetizador. Um som tão artificial quanto nossa vida em muitos momentos de correria.
Os despertadores de Time nos alertam para o tempo que aproveitamos ou desperdiçamos. E assim, cada aspecto do ser humano é retratado: a agonia, o medo e as dúvidas sobre a morte em “Great Gig in the Sky”, a ganância e o desejo cego de poder em “Money”, o racismo, a dificuldade de aceitarmos uns aos outros e a sarcástica conclusão de que somos iguais em “Us and Them”, até a loucura e a insanidade em “Brain Damage”, que podem nos levar à morte, seja ela biológica ou social – “Eclipse”. E assim, o álbum acaba com o coração batendo novamente, distanciando até morrer. É o fim de mais um ciclo, de mais uma vida.
Tudo isso exposto com a narrativa fantástica e a sutileza melódica e instrumental do Pink Floyd, construindo um álbum conceitual impecável, com suas emendas e efeitos nos lugares certos, com paisagens sonoras e vozes magnéticas, com a simplicidade que torna genuína a emoção intrínseca em cada faixa.
“Dark Side Of The Moon” se tornou atemporal justamente por ser tão focado. O conceito é claro, a temática é complexa mas muito bem explorada, e todo mundo se enxerga em algum ponto da discussão. É um grande espelho de todos nós, com nossos medos, anseios, alegrias, desejos e até nossos mais maléficos pensamentos.
Hoje, 35 anos depois de ter abalado as estruturas do planeta, o disco se mantém atual, se mantém excitante, se mantém desafiador. É a obra mais concisa do Pink Floyd, é um dos momentos mais criativos da carreira da banda, é um marco na história. Influência de gerações que vieram, que estão e que virão.
I´ll see you on the dark side of the moon."
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